Portas lembra "rosto de coragem que mudou a Europa"
"Vaclav Havel foi o rosto de uma coragem única que mudou a Europa", afirmou Paulo Portas, que representou Portugal no funeral do antigo presidente checo, que decorreu hoje em Praga e contou com cerca de mil convidados, incluindo vários chefes de Estado internacionais.
Vaclav Havel, que se tinha retirado da vida pública devido a problemas de saúde, morreu no domingo aos 75 anos, em casa, no norte do país, em Hradecek.
"No século XX, numa terra duplamente invadida e oprimida, a vitória sobre o totalitarismo veio pela não-violência e chegou pela exposição à verdade", disse.
O ministro dos Negócios Estrangeiros português considerou o funeral de hoje como uma cerimónia "de uma profundidade rara" que simboliza a adopção da memória do antigo presidente por toda a Europa.
"Quem defendeu o poder dos homens comuns e a responsabilidade pessoal contra a burocracia totalitária, foi um homem de cultura, escritor e dramaturgo, actor e testemunha, um líder que a resistência tornou político, e um político que soube ser um homem de Estado", sublinhou Portas.
Em 1989, naquela que ficou conhecida como "Revolução de Veludo", Havel conduziu a Checoslováquia na transição do regime de influência soviética para a democracia.
Tornou-se o décimo presidente da Checoslováquia (1989-1992) e foi o primeiro chefe de Estado da República Checa, o novo país que surgiu depois da separação amigável da Eslováquia em 1993, cargo que ocupou até 2003.
Os dois países marcaram a morte de Vaclav Havel com luto oficial. As cerimónias fúnebres incluíram uma missa dada pelo arcebispo de Praga, Dominik Duka, que lembrou os tempos em que jogou xadrez com Havel numa prisão comunista.
Presentes no funeral estiveram figuras como o Presidente francês Nicolas Sarkozy, a secretária de Estado norte-americana Hilary Clinton e o marido, Bill Clinton, antigo Presidente dos Estados Unidos, ou a ex-secretária de Estado americana, Madeleine Albright, nascida na Checoslováquia.